sábado, 13 de julho de 2013

O CULTO DAS ÁRVORES - COMPARTILHANDO



Na historia religiosa da Europa antiga o respeito e as reverências das árvores desfrutavam de uma relevância especial. As vastas e espessas florestas européias inspiravam temor e respeito e por isso foram escolhidas como locais adequados para cerimônias e rituais. O silêncio, a semi-obscuridade, o jogo de luzes e sombras, os sons misteriosos criados pelo vento ou os movimentos dos animais criavam o cenário perfeito para o intercâmbio entre os homens, os espíritos da Natureza e as divindades.

Os bosques tornaram-se os mais antigos santuários (temenos, em grego) da humanidade, considerados sítios sagrados e invioláveis. Havia punições severas para aqueles que ousassem machucar ou derrubar uma árvore. Quando era absolutamente necessário cortar uma árvore (para construir moradias ou fortificações) eram feitas previamente oferendas para o espírito da Natureza que morava no seu tronco, explicando-lhe a finalidade e pedindo que se mudasse para outro lugar.

Os povos antigos acreditavam que as árvores eram seres vivos e que cada uma tinha um espírito protetor, que diferia de uma espécie para outra. Em alguns países atribuía-se às árvores mais velhas o lugar de refúgio das almas dos anciãos, cujas vozes se faziam ouvir no farfalhar das folhas para aconselhar seus descendentes.

A árvore não somente era considerado um ser vivo, mas era a própria manifestação do Eixo Cósmico que ligava o céu a Terra e que proporcionava o intercâmbio entre os mundos. Nos mitos de várias culturas mencionava-se a Árvore da Vida ou do Conhecimento, cujas raízes penetravam no mundo subterrâneo (morada dos espíritos ancestrais e dos animais de poder), o seu tronco atravessando o mundo dos homens e seus galhos se erguendo para captar as energias do céu e das estrelas. Na tradição xamânica, o xamã se desloca ao longo da Árvore Cósmica buscando as informações e energias necessárias para curar ou aconselhar seus semelhantes no mundo superior, mediano ou inferior.

A transição dos cultos animistas (que veneravam todas as manifestações da Natureza considerando-as imbuídas de energia vital) para as religiões politeístas, trouxe modificações na conceituação das árvores, vistas agora como simples habitat – de maior ou menor duração – dos espíritos da Natureza. Esses espíritos podiam se afastar das suas moradas e ao materializar sua energia espiritual assumiam feições humanas (masculinas ou femininas).

A mitologia grega descreve as diferentes classes dessas divindades menores, protetoras das florestas, campos, vales, rios ou lagos, associando-as com diversos mitos e lendas.
Os espíritos da Natureza com formas femininas foram denominados genericamente de Ninfas. Na verdade existiam subdivisões de acordo com o seu habitat ou suas funções. Podemos enumerar: Dríades (protetoras das florestas de carvalhos), Hamadríades (que ficavam ligadas às árvores até suas destruição), Melíades (guardiãs dos freixos e das crianças abandonadas ou perdidas nas florestas), Oréades (cuja morada era nas montanhas), Napéias (moradoras dos vales e dos campos), Naiades (regentes das fontes e dos rios, muito honradas e veneradas), Nereides (ninfas do mar, aparecendo ora como sereias, ora como mulheres cavalgando cavalos marinhos).

Nos países nórdicos conheciam-se as Ninfas dos freixos, dos teixos, das bétulas, das faias, das macieiras, as Mulheres e Avós das Árvores, as Damas Verdes, as Mães das Florestas, as Nixies e Selkies aquáticas, as Pixies aladas e muitas outras. Os celtas tinham uma grande diversidade de nomes e caracterizações, sendo mencionadas nas inúmeras lendas seres benévolos que apareciam como encantadoras jovens dançando e cantando ou pelo contrário, como entidades malévolas, velhas e peludas, com muitas raízes, corpo coberto de musgo e se comportando de maneira hostil ou ameaçadora. Foram estas representações das Ninfas celtas e escandinavas que persistiram no folclore e nas lendas, como diáfanas fadas ou as bruxas malvadas.

Com o advento das religiões patriarcais, o culto centrado nas divindades femininas – sejam Deusas, sejam espíritos da Natureza – foi diminuído até ser totalmente proibido. Somente nas regiões menos civilizadas e nas tradições nativas foi preservada a maneira respeitosa de tratar as árvores. No início, os templos eram construídos ao ar livre, com suas colunas, abóbadas e a atmosfera sombria e silenciosa. Aos poucos somente as árvores cercando as igrejas e os cemitérios lembravam a antiga conexão e o hábito ancestral de plantar árvores nos nascimentos e nas mortes dos seres humanos. No entanto, a árvore deixou de ser vista como um ser vivo, muito menos como sagrada, usada somente para fins econômicos ou comerciais, sem levar em consideração o equilíbrio ecológico ou energético.

Por mais que tenhamos nos distanciado, no tempo e no espaço, do berço e dos valores dessas antigas tradições, a situação atual das florestas no mundo todo nos incentiva a resgatarmos o antigo respeito pela preservação das árvores e dos seres espirituais a elas ligadas. Mesmo que atualmente apenas as pessoas sensitivas percebam a presença dos espíritos da Natureza, o reino deles continua existindo ao nosso lado. São eles os guardiões e os protetores do reino vegetal que zelam pelo seu habitat e se empenham no crescimento e multiplicação dos seus protegidos. Porém, eles são impotentes frente às moto serras e às queimadas e por isso se afastam cada vez mais da destruidora presença humana.

Compete às pessoas sensíveis e conscientes tomarem medidas preventivas e ativas para impedir que o nosso planeta se torne uma floresta de concreto, sem seres e energias naturais, povoado por seres robotizados.

FONTE: autoria desconhecida

6 comentários:

  1. Excelente artículo compartido Selma, te dejo un abrazo, buen fin de semana!

    ResponderExcluir
  2. Ola amiga Selma, bom dia!!! parabens pelo teu blog pode ter certeza q te visitarei com frequancia pq amei de coração, eu tenho uma cigana e uma pomba gira cigana e falar sobre assuntos de bruxas tbm me interessa e sobre a magia, do bem q eu amo, e descobrir o oculto sadio de verdade amei seu cantinho todo especial...
    beijos querida!!!
    mara

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Boa Tarde Mara

      Gostaria de agradecer a sua visita ao meu cantinho e aproveito para deixar registrado:
      Que respeito sua religião assim como você respeita a minha.

      Gostaria também de esclarecer o significado da palavra Bruxa:
      Termo usado para designar as mulheres sábias detentoras de conhecimentos sobre a natureza e magia.

      A Bruxaria Tradicional não relaciona essas entidades que você mencionou a Religião.

      Obrigada
      Selma e Marcos

      Excluir

LinkWithin

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...